A força feminina na Polícia Rodoviária Federal

A força feminina na Polícia Rodoviária Federal

  Neste dia da Mulher, nada melhor do que homenagear todas as mulheres da Família PRF através de uma Policial Rodoviária Federal, dona de uma personalidade inspiradora, que carrega consigo muita fé, coragem, perseverança e superação.

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  PRF Rafaela dos Santos Vaz, esta é nossa homenageada. Rafaela Vaz ingressou na PRF em 2006 e foi lotada inicialmente em Porto Velho, Rondônia, onde trabalhou por seis anos. Em 2012 a PRF conseguiu por meio do Sisnar, sua transferência para a 8ª Delegacia PRF, em Cachoeira Paulista – SP, onde trabalha atualmente na área operacional.

  Casada há 19 anos com Geliarti, mãe de Nicolas de 12 anos e Isabela de 09 anos, a PRF é formada em Gestão Empresarial e Técnica em Elétrica.

 Antes de seu ingresso na PRF, Rafaela Vaz era professora e ministrava aulas de eletricidade básica e robótica e, segundo ela, seu ingresso na PRF, além de contar com uma força do destino, teve um empurrão de seu esposo Geliarti, que tomou conhecimento do concurso de 2004 e, como Rafaela sempre gostou muito de estudar, tinha facilidade em aprender e estava estudando para outros concursos em sua área de atuação, passou a insistir com ela para que se inscrevesse no certame. “Ser policial era algo que eu nunca havia pensado antes e, assim, fiz a prova sem criar expectativas, já que não era minha área de atuação, mas como eu já vinha estudando há um certo tempo, fui bem na prova e fui passando nas etapas seguintes e após dois anos fui chamada entre os excedentes”, relatou.

  Com um novo caminho se desenhando à sua frente, a PRF teve que tomar uma grande decisão, pois morava na cidade de Taubaté e foi lotada em Porto Velho e para dar continuidade à sua nova vida como policial precisaria se sacrificar ficando longe do esposo e da família. “Me senti um pouco apreensiva e cheguei até a cogitar a possibilidade de desistir, sem nem ao menos me apresentar em Rondônia, pois o fato de lidar com algo totalmente desconhecido me deixava de certa forma desconfortável”, disse.

  Mas como possui uma fé inabalável, Rafaela Vaz conta que mesmo desconfortável com o desconhecido que a esperava, interpretou os fatos racionalmente e junto à sua mala, acrescentou uma dose extra de coragem e determinação e foi em busca do novo caminho e experiências que estavam à sua espera, em um estado que ela não conhecia. “Eu tinha apenas 22 anos de idade, meu esposo trabalhava aqui em Taubaté e não tinha como me acompanhar e fatores como diferenças culturais, climáticas e a distância da família me causavam dificuldade em me adaptar mas, como sempre digo, sou uma mulher de muita fé em Deus e que ao viver as experiências que se apresentam em minha vida, Deus sempre está ao meu lado e, naturalmente, a força e a coragem surgem. Desta forma, ao me apresentar em Rondônia, encontrei mais duas policiais que haviam feito o curso de formação comigo e, de certa forma, nós três nos apoiamos”, relata.

  Dois meses após seu ingresso na PRF, Rafaela Vaz recebeu mais uma grande missão: a de ser mãe. “Foi uma época de muita insegurança, pois meu esposo ainda não havia conseguido ir definitivamente para Rondônia, o que se somava ao futuro desconhecido que se apresentava novamente”, disse.

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  Mas como a PRF sempre encontra uma forma de pensar positivo, independente das incertezas que se apresentam em sua vida, as coisas boas sempre fluem em sua direção, e assim ela conseguiu ter seu filho no Vale do Paraíba, junto de Geliarti e sua família, onde ela e o pequeno Nicolas permaneceram durante a sua licença maternidade. “O fato de eu conseguir ter meu filho perto da família e ficar junto deles por cinco meses recarregou as minhas energias e me deu muita força”, conta.

  De volta à Rondônia, Rafaela Vaz novamente demonstrou sua força e determinação, pois precisava cuidar de seu bebê e trabalhar. Desta forma a PRF entendeu que a única maneira de resolver esta questão era retornar ao trabalho desenvolvendo atividades administrativas e Nicolas ir para escolinha. “Se eu fosse trabalhar de plantão seria muito difícil conseguir cuidar do meu filho, pois estávamos sozinhos em Rondônia. Quando somos jovens, não pensamos muito no que pode dar errado, não colocamos empecilhos, então eu tinha meu filho para cuidar e precisava trabalhar. Foi uma fase em que nós dois [ela e Nicolas] tivemos que nos adaptar, porque não era fácil deixá-lo na escolinha o dia inteiro para trabalhar, mas foi necessário. Era a única solução que tínhamos naquele momento”, desabafa.

  Quando Nicolas tinha dois anos e 11 meses de idade, com seu esposo já morando em Rondônia, a família cresceu com a chegada de sua filha caçula, Isabela.

  Indagada sobre como era sua rotina de PRF, mãe de dois filhos, esposa e dona de casa, Rafaela Vaz conta que a rotina era bem cansativa. Nesta época a policial já havia retornado para a área operacional, trabalhando em plantões, cuidava das duas crianças ainda pequenas e das tarefas do dia a dia. “Nesta época o trabalho do meu esposo o fazia viajar muito e não tínhamos como dividir as tarefas do dia a dia e, assim, chamei essas responsabilidades todas para mim. Lembro-me das cenas em que eu saía esgotada do plantão e me dirigia até um supermercado para fazer compras com todo aquele ritual que faz parte, até guardá-las no armário e, claro, dar atenção e cuidar das crianças, além da casa. Neste tempo eu praticamente não tinha tempo para mim”, conta.

  Quando questionada como eram os plantões em Rondônia, a PRF conta que eram muito cansativos com muitos acidentes. “Nesta época eu percebi que comecei a ficar muito exausta, chegando dos plantões bem irritada, sem paciência. Neste momento eu entendi que eu precisava me controlar mais e trabalhar tudo isso dentro de mim, aí surgiu minha vontade em voltar a praticar exercício físico, mas não conseguia encaixar os exercícios na minha rotina e precisei esperar um tempo”, explicou.

  Esporte

  O esporte retorna à vida da PRF Rafaela Vaz em 2014, com uma grande missão: gerar mais saúde e qualidade de vida. “Após as duas gestações eu havia ganhado peso e, somado às rotinas dos plantões, tudo isso estava me afetando de uma alguma forma. Então decidi voltar a nadar e comecei a traçar um plano para ter mais saúde”, relata.

  Neste sentido, os Jogos de Integração dos Policiais Rodoviários Federais surgiram na vida da PRF como um grande incentivador e Rafaela Vaz, que já estava praticando natação, começou a correr a fim de adquirir mais fôlego na piscina.

  Em 2015, Rafaela Vaz teve sua primeira participação na edição dos Jogos de Integração, realizada em Brasília, de onde retornou com uma medalha que, segundo ela, foi um grande estímulo para continuar se superando nos treinos. 

  A superação da PRF se evidencia na segunda edição que ela participou dos jogos, desta vez realizados em Florianópolis, de onde Rafaela Vaz retornou com quatro medalhas de várias modalidades. “Sempre participei dos Jogos com o objetivo de apoiar a delegação de São Paulo. Nesta última edição realizada aqui em São Paulo, me superei novamente participando de provas do atletismo, natação, vôlei de areia e kart e, assim, a cada edição vou me superando”, explicou.

 

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  Ser mulher

  Questionada se o fato de ser mulher lhe causou alguma diferenciação, Rafaela Vaz nos conta que às vezes ouve uma fala que soa machista, como: “…Nossa a Rafaela trabalha direitinho, trabalha igual homem…”, mas para ela, as mulheres estão mostrando para que vieram. “Quando ouço alguma frase deste tipo a rebato na elegância, mas ao longo desses 14 anos de PRF conquistei meu lugar pela força do meu trabalho e meus colegas me respeitam. Nunca usei o fato de ser mulher para ganhar vantagem ou deixar de fazer algo. Uma das questões que tive que enfrentar é que sou uma pessoa tímida e como uma mulher fardada ainda chama a atenção das pessoas, precisei aprender a lidar com os olhares”, disse.

  Atualmente com os filhos um pouco maiores, a PRF Rafaela Vaz voltou à faculdade, formando-se em Gestão Empresarial e não abre mão de sua rotina de exercícios físicos, já que, segundo ela, os plantões vão pesando ao longo do tempo e a atividade física lhe traz mais saúde e qualidade de vida. “Um plantão hoje em dia me cansa mais fisicamente e mentalmente do que quando eu era mais nova e para me manter firme e em equilíbrio não renuncio à minha vida esportiva, apesar da rotina corrida entre trabalho, filhos e casa”, finaliza.