História de PRF aposentada prova que obstáculos, superação e fé fazem parte do sucesso

História de PRF aposentada prova que obstáculos, superação e fé fazem parte do sucesso

  Viver uma vida plena, fluindo naturalmente. Esta é a premissa da PRF que hoje contaremos a sua história. Força, foco, fé e coragem, palavras que traduzem um pouco sobre a perseverança da Policial Rodoviária Federal aposentada, Maria José Simões Lemes, da Turma de 1994.

  A história de Maria José na PRF, desde o início, foi marcada por lutas e conquistas. Seu ingresso na instituição foi como sub judice, pois na época de seu teste físico, Maria José estava em seu nono mês de gestação e o médico que a avaliou a considerou  inapta. Com este resultado em mãos, Maria José não pensou duas vezes, procurou um jornal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, onde morava e contou sua história, vindo a estampar a primeira página do veículo com a seguinte manchete: “Polícia Rodoviária Federal discrimina mulher grávida”, o que segundo ela, lhe ajudou encontrar um advogado que aceitasse representá-la em uma ação judicial, conquistando um resultado positivo, e em 02 de janeiro de 1996, Maria José toma posse de seu cargo de Policial Rodoviária Federal.

 

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  Para as pessoas que bem conhecem Maria José, sua forma de ver a vida positivamente é uma de suas principais características e, como não poderia ser diferente, quando indagada sobre os sentimentos conflitantes que sentiu durante esses dois anos de espera, até definitivamente tomar posse de seu cargo, Maria José explica como foi este período: “ Quando passamos a observar a vida com olhos positivos, vemos como as sincronicidades estão presentes o tempo todo. Apesar de eu ter conseguido decisão judicial favorável para o meu ingresso na PRF, precisei esperar até o próximo concurso para realizar o exame físico, o que me possibilitou ficar com meu segundo filho até ele completar dois anos de idade, para depois de fato, me ausentar para trabalhar. Eu sempre digo que tudo na vida acontece para o nosso bem”, explica ela.

Quando indagada sobre os fatores que a levaram ser PRF, Maria José conta que sua decisão foi baseada na estabilidade do cargo, pois possuía dois filhos para educar, além do fascínio que a PRF lhe despertava. “Eu sempre fui uma pessoa apaixonada por liberdade e a PRF me proporcionava isso, pois não era um trabalho que eu precisava ficar o dia inteiro dentro de uma sala, além é claro, de ter dias totalmente diferentes, já que também nunca fui adepta à monotonia”, disse.

  Quando falamos da PRF Maria José não temos como não falar da superação, garra e determinação que sempre a moveu em sua trajetória de vida. A PRF que já trabalhou como feirante, vendedora de doces e funcionária de crediário de loja, fala sobre a importância da fé e coragem em sua vida. “Eu me sinto plenamente realizada, muito orgulhosa de mim mesma, porque para tudo na vida você precisa ter foco, determinação e fé, e estes ingredientes eu sempre carreguei comigo. Eu digo que primeiro temos que acreditar em nós mesmos, nunca culpando os outros e sim nos responsabilizando por nossos destinos, nós que galgamos nosso caminho e fazemos nosso destino”, relatou.

 

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  Ao desbravar novos caminhos inevitavelmente nos deparamos com novos desafios. Como mulher e mãe, Maria José conta que na época de seu ingresso foi lotada em um posto localizado 300 quilômetros distante de sua casa, e contabilizando as horas de estrada para ir trabalhar e de retornar, ficava fora de casa cerca de 36 horas, distante de seus dois filhos pequenos, sendo uma menina de 04 anos e um menino de 02 anos de idade. Sobre este período, a PRF relembra uma cena que muitos PRFs pais e mães irão se identificar: “lembro-me das cenas em que eu chegava muito cansada dos plantões e meus filhos ainda pequenos, querendo brincar e eu travando uma grande luta contra o sono para lhes dar atenção, mas acabava sendo vencida pelo sono e meus filhos ficavam pulando por cima de mim e brincando. Na época tudo isso era muito desgastante, mas como tudo passa nesta vida, hoje me lembro dessas cenas com muito carinho e amor”, relembrou.

  Questionada se naquele tempo o fato de ser mulher e trabalhar em um ambiente composto em sua grande maioria por homens a fez presenciar cenas de machismo, Maria José conta que se deparava com algumas situações claras de machismo, mas que com seu posicionamento firme conquistava o respeito dos profissionais que com ela trabalhavam. “Quando me deparava com alguns machistas eu dizia que eles tinham que me engolir, pois eu não havia sido colocada naquele cargo e sim o conquistado com o meu próprio mérito. Então em relação aos colegas de trabalho sempre foi mais tranquilo, posso dizer que enfrentei alguns rompantes de machismo com alguns usuários da rodovia, que ficavam ainda mais intensos devido minha posição de autoridade em relação a eles, mas até mesmo nestes casos, como sempre vejo as coisas de forma positiva, foram episódios de grande aprendizado”, explica.

  A respeito dos fatos que mais marcaram sua caminhada na PRF, Maria José conta que seu ingresso na instituição lhe marcou muito, pois foi um momento de grande superação, pois possuía uma filha de 02 anos de idade, estava grávida, estudou sozinha em sua casa na companhia das crianças e passou no concurso, e após dois anos, conseguiu tomar posse de seu cargo, após ingressar na justiça.

  Entre outros fatos que lhe marcaram, estão seu atropelamento durante um plantão e uma ocasião durante a Copa das Confederações, em que o veículo em que estava ingressou em uma favela no Rio de Janeiro e acabou sendo alvejado, sendo que o disparo que atingiu o veículo passou a uma distância de um palmo de sua cabeça, pois por sorte do destino, Maria José estava com seu banco posicionado para trás, o que lhe tirou da trajetória do projétil. Após este último acontecimento, Maria José conta que o nervosismo que já fazia parte do seu dia a dia foi se intensificando e uma forte dor surgiu em seu braço. Após ser examinada por dois médicos, ambos lhe disseram que sua dor era de origem emocional. “Na época eu não dei atenção e segui em frente, mas após conversar com alguns colegas resolvi buscar ajuda profissional. Na primeira consulta com o médico eu não conseguia nem ao menos falar o que estava sentindo, eu apenas chorava. Foi prescrito medicação e a mesma foi me deixando mais calma, mas aí me deparei com uma grande crise existencial, passando a indagar os porquês da vida, e aí neste momento foi dado início ao meu processo de mudança, pouco tempo antes da minha aposentadoria”, explicou.

 

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  Se reinventando

 De acordo com Maria José em seu processo de mudança ela iniciou seus estudos acerca dos porquês da vida e de sua existência. “Neste processo passei a me interessar por medicina alternativa, alimentação e conheci a Cura Reconectiva, que desde o primeiro momento me fascinou. É claro que estes momentos na minha carreira de PRF foram difíceis, mas me trouxeram muito crescimento e evolução”, relatou.

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  A Policial Rodoviária Federal Maria José se aposentou em abril de 2016 e desde então se dedica à Cura Reconectiva, como praticante e facilitadora certificada pela The Reconnection e mais recentemente iniciou duas novas profissões: modelo e corretora de imóveis. “Uma dica que deixo a todos os meus colegas é que analisem a si próprios e procurem o que realmente lhes fazem felizes. Aos chegar nos meus 50 anos de idade que comecei a aprender o significado da vida e da felicidade. Então digo que ainda sou um bebê com 54 anos. Tenho muito chão para percorrer e não paro não. Descansar apenas quando eu deixar meu corpo material”, finaliza.